Coisas de Purilânia
Hoje,
um lindo dia de sábado, céu azul, sol e folga, verão de 2011, pipoco de
uma lado para outro no meu apartamento que se tornou grande demais,
após a saída de meus 2 filhos e a morte do meu pai. É lindo o dia sim
porque estou de folga do trabalho e da faculdade, duas ocupações que
abracei uma por necessidade e a outra por puro amor. Faço pedagogia
porque acredito nos nossos jovens do futuro, sem falso moralismo,
questionadores, inovadores ou obsoletos que teimem em seguir regras
ditadas pela mídia, mas ainda estão em estado de ebulição e é isso que
move o Universo, o movimento.
Mas
foi para falar de outro assunto que interrompi a tão famosa faxina de
casa no sábado e sentar em frente ao micro para escrever antes que o
assunto fugisse da minha memória. Agora é assim, como não tenho
nootbook, carrego aminha agendinha dentro da bolsa para todo lado, por
falta de papel ou espaço em demasia, já virou até diário a coitadinha. E
lá vai o meu registro de agora: Já perceberam como tem carro de som
aqui em Purilândia (cidade fictícia)? E como fico fora durante a semana
só consigo percebê-los no sábado.
Sou
de outra cidade, um pouco maior, em que esse tipo de propaganda é
proibido, assim como colocar a loja toda na calçada para vender. Bem,
mas vamos ao carro de som. Vamos tentar imaginar uma cena corriqueira
das nossas ruas centrais. Primeiro um determinado mercado com uma letra
de música apelativa, “se ta faltando o calçado, o arroz e o
feijão”...”tá faltando até dinheiro” vem
pro ...que é bom”; uma pergunta? É mercado, assistência social ou mesmo
um banco? Tem o homem da voz esquisita que anuncia forró e diz: “vai
lá!”, esporadicamente o filho do gogó de ouro prevenindo sobre a dengue,
a moça da rádio FM dá o charme para o anuncio das boutiques. E as
motocicletas também fazem a sua vez. Agora me perdoem os sérios, mas o
mais engraçado aqui é anuncio de falecimento; fundo musical, música da
vitória do Airton Senna. Que vem fora imagina uma coisa grandiosa, mas
para brochar qualquer D. Juan, lá vem o locutor com o tom fúnebre, o
carro rodando, a música tocando e ele falando. Diz o nome da mulher dos
filhos, “as vezes uns doze, e o carro rodando, a gente vai esticando o
pescoço para ouvir o nome do falecido e que nada, então ele dobra a
esquina e diz “Comunicamos o falecimento de....” aí tenho que esperar o
carro passar de novo para saber quem morreu...coisas de Purilândia.
Percebi
que esses carros de som aqui são chic de doer, pobre não tem dessas
coisa não, morreu, alguém coloca no espaço de utilidade pública da rádio
AM para que os parentes da roça possam ouvir. Mas já viu como é rápido
avisar que o parente está lá esticadão rapidinho. Põe no carro de som,
música da vitória do Airton e lá se vai mais um para o Pódio. Se eu
morrer por aqui peço a minha família que exija a música Silencio e ponto
final.
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