quinta-feira, 6 de março de 2014

Família - O termo família, é derivado de famulus (escravo doméstico) – foi uma expressão inventada pelos romanos para designar um novo organismo social que surge entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e à escravidão legal. Esse novo organismo caracteriza-se pela presença de um chefe que mantinha sob seu poder, os filhos e um certo número de escravos, do poder de vida e morte sobre todos eles e um certo número de escravos, com poder de vida e morte sobre eles, o paterpolistas.


CONTEXTUALIZANDO  FAMÍLIA
  • CONTEÚDOS:
  • Teoria e História da Família
  • Definições e Conceitos de Família
  • Estrutura, Papéis e Funções da Família
  • COMPETÊNCIAS E HABILIDADES
  • Conceituar a origem e historicidade da família.
  • Entender definições e conceitos da família
  • Compreender o papel, a estrutura e as funções desempenhadas pela família

Material para autoestudo
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  • DURAÇÃO
  • 2 h/a – presenciais com professor interativo
  • 2 h/a – com professor local
  • 10h/a – mínimo sugerido para autoestudo.
TEORIA E HISTÓRIA DA FAMILIA
Como em outras situações da vida humana, o ciclo que compõe a vida familiar perpassa por etapas sucessivas durante o processo evolutivo. Esse fato leva a constante busca de teorias e conceitos que expliquem a origem e estruturação do grupo familiar.
Estudos apontam que, originalmente, as famílias organizavam-se sob a forma matriarcal, conseqüência da vida nômade dos povos primitivos. Nessa época, os homens ainda desconheciam as técnicas do cultivo da terra, e precisavam sair em busca de alimento. As mulheres permaneciam com a prole, que crescia praticamente sob a influência exclusiva da genitora. Essa situação genuinamente prepondera a figura materna e, em certas sociedades matriarcais essas mulheres possuíam o direito de propriedade e certos privilégios políticos.
A organização familiar, contudo, não se restringe à espécie humana. Faremos uma síntese sobre os comportamentos familiares de alguns animais para reafirmar o estilo genérico dos agrupamentos familiares na trajetória da espécie humana, Há de se lembrar que entre os animais há famílias em que, após o acasalamento, a prole fica sob os cuidados de um dos genitores, geralmente a fêmea, porém, em alguns casos, também encontramos o macho como responsável pelos descendentes. Por sua vez, algumas espécies de aves vivem com a família durante o período da reprodução e com seus bandos nas demais épocas do ano. A exemplo da espécie humana, também no reino animal existem famílias ampliadas(ou extensas), em que os filhos mais velhos auxiliam na criação dos irmãos. As abelhas operárias, filhas estéreis das abelhas rainhas, constituem entre si uma comunidade de irmãs com funções de mútuos cuidados, proteção e alimentação.
Segundo Morgan (apud OSÓRIO, 1996, p. 31), “havia originalmente uma promiscuidade absoluta, sem qualquer interdição para o intercurso sexual entre os seres humanos. Este teria sido o período da família consangüínea, estruturada a partir dos acasalamentos dentro de um mesmo grupo”.
Durante esse período, após a proibição do relacionamento sexual entre pais e filhos e entre irmãos, surgiu a família punaluana, também conhecida como família por grupo, onde os membros se uniam com componentes de grupos diferentes. Nesse contexto, os homens poderiam se casar somente com um elemento de outro grupo. Na família sindesmática ou de casal, a união acontecia entre casais que respeitavam o tabu do incesto, mas sem a obrigatoriedade do casamento intergrupos. Este tipo de família, encontrada entre os nômades, tinha como característica a convivência de vários casais no mesmo espaço e sob a autoridade matriarcal.
Da divisão das obrigações, oriunda do desenvolvimento da agricultura, teria originado a família patriarcal, criada sob a autoridade absoluta do patriarca ou “chefe da família” que, na maioria das vezes, vivia em um regime poligâmico, tendo as mulheres isoladas em determinados locais chamados de gineceus e haréns.
A família monogâmica, modelo da civilização do Ocidente, cujas origens encontram-se ligadas à ideia de posse ao longo do processo civilizatório, tinha como condição exigida para o reconhecimento dos filhos e transmissão hereditária da propriedade, a fidelidade. Esse modelo de família é predominante no mundo ocidental até os dias atuais.
A origem etimológica da palavra família, que deriva do vocábulo latino famulus- que significa escravo doméstico, o que pressupõe que, primitivamente, se considerava a família como sendo o conjunto de escravos ou servos de uma mesma pessoa. Isso nos remete à compreensão da natureza possessiva das relações familiares entre os povos primitivos. Nessa relação, a mulher obedecia seu companheiro como se fosse seu proprietário e dono. Os filhos pertenciam a seus pais, a quem deviam suas vidas e, por conseguinte, esses se julgavam com total direito sobre elas. O sentido de posse e de poder estava perceptivelmente ligado à origem e evolução do grupo familiar. Bilac (1953, p. 31- 231) discorrendo sobre o tema, cita Engels ao afirmar que:
O termo família, é derivado de famulus (escravo doméstico) – foi uma expressão inventada pelos romanos para designar um novo organismo social que surge entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e à escravidão legal. Esse novo organismo caracteriza-se pela presença de um chefe que mantinha sob seu poder, os filhos e um certo número de escravos, do poder de vida e morte sobre todos eles e um certo número de escravos, com poder de vida e morte sobre eles, o paterpolistas.
Talvez as raízes da palavra família expliquem porque até hoje existam filhos e esposas submissos ao chefe de família, sem opinar ou questionar sobre os problemas dentro do seio familiar.
Afirma Aries (1975) que, até o século XV, a família era“uma realidade moral e social, mas do que sentimental [...] A família quase não existia sentimentalmente entre os pobres, e, quando havia riqueza e ambição, o sentimento se inspirava no mesmo sentimento provocado pelas antigas relações de linhagem.
As famílias, até então, não tiveram necessariamente a reprodução cotidiana ou geracional como função especifica ou exclusiva, e, em muitos momentos, desempenharam simultânea e prioritariamente, funções políticas e econômicas.
Pelo exposto, podemos inferir que a família antiga era concebida como instituição fundada na e para a reprodução cotidiana e geracional dos seres humanos. Sua maior missão recaia na conservação dos bens, na prática comum do oficio. A ajuda mútua era essencial para a sobrevivência em um mundo em que seres humanos isolados não sobreviveriam. A função afetiva não pode ser identificada como algo fundamental à família nessa época, já que as trocas afetivas e contatos sociais aconteciam entre as pessoas mais próximas, não necessariamente membros familiares.
Assim, a instituição família consolidou-se na antiga aristocracia, não propriamente por laços afetivos, mas visando à questão econômica, ou seja, além do vínculo consangüíneo, a maior preocupação era assegurar que o poder aquisitivo não saísse das mãos de seus membros.
MODELOS DE ESTRUTURA DE FAMÍLIA
Para melhor compreensão, discorreremos sucintamente sobre 4 modelos de estrutura familiar, considerados de abordagem mais relevante quais sejam: família burguesa de meados do século XIX, a família aristocrática dos séculos XVI e XVII, a família camponesa dos séculos XVI e XVII e família da classe trabalhadora do inicio da Revolução Industrial.
Em meados do século XIX, a família burguesa, nuclear por definição, habitava as áreas urbanas. Sabe-se que, de 1750 até o presente momento histórico, o padrão demográfico da família burguesa evoluiu gradualmente para um padrão de baixa fertilidade e baixa mortalidade. O planejamento familiar inicia-se nesse grupo. No dia a dia, as relações entre os componentes da família burguesa assumiram um modelo característico de intensidade emocional e de privacidade. O casamento trouxe para esse grupo o conflito que oscila entre as necessidades da preservação da acumulação de capital e o valor de escolha individual.
A sexualidade entre os componentes dessa classe é uma das características mais surpreendente da história moderna. A burguesia se esforçou para adiar a satisfação sexual como em nenhuma outra classe. As mulheres burguesas eram consideradas seres assexuais, angelicais, acima da luxuria animal.
Para os homens dessa classe, o sexo estava dissociado dos sentimentos de ternura e era realizado como conquista de mulheres de classe inferior. A prostituição era requerida pelos homens burgueses porque a plena realização sexual tornou-se impossível para os cônjuges. A burguesia definiu-se moralmente, em contraste com o proletário promíscuo e a nobreza sensual, como uma classe dotada de virtuosa renúncia. O excesso desse comportamento “virtuoso” levou a burguesia à divisão entre o casamento e o amor, de um lado, e sexualidade de outro.
O casamento burguês torna-se perene. Interesses sociais e financeiros predominavam nessas alianças. Entretanto, o jovem burguês era impulsionado por um amor romântico. Ao findar o século XIX, o amor romântico passava a ser a razão central do casamento. Porém, o mais estranho é que na classe média, o amor romântico raramente sobrevivia aos primeiros anos, e a expressão “felizes para sempre” traduzia o viver juntos não com paixão, mas com respeitabilidade.
Na família burguesa, as relações eram consolidadas mediante rigorosas divisões de papéis sexuais. O marido era chefe dominante e provia seu sustento da família. A esposa era considerada ser não pensante e menos capaz, zelava apenas do lar, em alguns casos, com a ajuda de criadas. O principal interesse da esposa centrava-se nos filhos.
Os filhos foram reavaliados pela burguesia tornando-se seres significativos para os pais. Uma relação mais intima, profunda e emocional se estabeleceu entre pais e filhos dessa classe. O sentimento de amor materno foi considerado natural nas mulheres, que não tinham somente o dever de zelar pela prole mas também a missão de orientá-la para um lugar respeitável na sociedade, além da atribuição de cuidar do lar e do marido.
As relações internas das famílias burguesas eram preservadas pela sociedade. A família torna-se um santuário em cujo ambiente sagrado nenhum estranho tinha direito de adentrar. Sendo assim, até mesmo o local de trabalho dos homens da época não poderia ser próximo à residência, pois o lar não era um lugar de trabalho e sim de lazer, enquanto o ambiente de trabalho era destinado à ação,à razão. Torna-se assim, ambiente competitivo, hostil em contraposição ao ambiente de refúgio, aconchego, ternura e amor.
As crianças burguesas em idade pré-escolar, em maioria, não conviviam com outras crianças, mas com os adultos da casa. A partir de 1830, o Estado começou a elaborar orientação e normas que envolviam assuntos de família, mas, geralmente, só havia intervenção nos assuntos de famílias, ou seja, ninguém fiscalizava o tratamento das crianças burguesas. Com inovadoras formas de amor e autoridade, a família burguesa criou uma nova estrutura emocional.
Família Aristocrática (Séculos XVI e XVII)
O segundo modelo de estrutura familiar, oriundo da aristocrata européia, incluía uma mistura de parentes, dependentes, criados e clientes. Consistia em grupos com 40 até acima de 200 membros. Os aristocratas consideravam de suma importância a preservação da rede de relações de parentesco e linhagem.
A composição da casa nobre estava longe de ser estável, Criados e clientes entravam e saiam da casa nobre; crianças de ambos os sexos eram enviadas para serem criadas em outras residências nobres. Segundo demógrafos, os aristocratas eram propensos a terem mais filhos do que a classe inferior, e com índice de mortalidade infantil inferior.
Os enormes castelos eram locais públicos e políticos. Simbolizavam, pela magnitude material, o poder sobre o campesinato. No castelo não havia privacidade. As construções não propiciavam a privacidade. Todos os que chegavam e saíam esbarravam-se pelos caminhos e eram obrigados a passarem por salas em que haviam outras pessoas em decorrência da estrutura física dos castelos. Os ocupantes dormiam em toda a parte. O mobiliário também era multifuncional. As relações entre os componentes da casa eram regidas por uma austera hierarquia, estabelecidas pelas tradições.
Ali, a união matrimonial era um ato político da mais alta ordem. O destino da linhagem estava sujeito a casamentos que mantivessem intactas as propriedades da família. Aos pais, cabia a decisão de quem se uniria a quem. Os dotes eram pequenas fortunas e casar uma filha muitas vezes era oneroso. Sendo assim, o casamento pouco combinava com amor ou sexo.
Os aristocratas relacionavam-se sexualmente com a criadagem e com outros da mesma classe. As concubinas eram aceitas publicamente. Quase sempre as mulheres eram consideradas criaturas tão sexuais como os homens e assuntos como sexo e amor não eram assuntos privativos e secretos.
A riqueza dessa pequena elite (cerca de 1,5% da população na França do século XVIII), consistia no controle da terra e, em certo grau, nos favores do monarca. A terra, principal forma de enriquecimento da aristocracia,, de um modo geral não era considerada um capital a ser melhorado ou explorado. Era, antes de tudo, um patrimônio sob a prerrogativa da linha de família. A riqueza era para ser herdada e retransmitida, e não para se ganhar ou acumular.
O trabalho dos nobres era na guerra, servindo o rei e mantendo a ordem. As esposas eram figuras altivas, mas suas funções principais era conceber filhos e organizar a vida social. Em geral, não se ocupavam da administração da casa e nem com a criação dos filhos. A ordem na casa era organizada hierarquicamente, independente de influência externa. O Rei procurava controlar os nobres, com exceção no ambiente familiar, interferia somente em ocasiões raras.
Em virtude dos meios de transporte da época, os aristocratas em geral vivam longe de suas companheiras. Segundo estudos, as crianças aristocratas ficavam nas mãos da criadagem desde o momento de seu nascimento. Pai e mãe raramente se preocupavam com os filhos, principalmente nos primeiros anos de formação. Os cuidados com os filhos não eram considerados como procedimento relevantes e as mães ocupavam-se como damas da sociedade. As crianças eram consideradas pequenos animais e não seres que necessitassem de amor e atenção. Os recém-nascidos nobres eram amamentados por amas de leite. A morte dos pequenos nas mãos da amas não era incomum, tanto que algumas amas eram conhecidas como “amas assassinas”. Os filhos não desejados eram certamente encaminhados a essas mulheres.
Torna-se perceptível que as famílias aristocratas dispensavam pouco valor à privacidade, cuidados maternos, amor romântico e relações íntimas com as crianças. A vida emocional dos filhos não girava em torno dos pais.
A família camponesa (séculos XVI e XVII)
A estrutura familiar camponesa dos povoados que viviam em aldeias era diferente da classe dominante. O campesinato europeu incluía grandes desigualdades econômicas. e de posse de riqueza. Abrangia diferentes modos de produção. Segundo os demógrafos, os camponeses casavam-se perto dos 30 anos de idade e tinham poucos filhos vivos (quatro ou cinco). Embora houvesse muitos nascimentos, poucos ou somente a metade sobreviria até a idade adulta.
Embora fosse numericamente reduzida, a família camponesa estava interligada num vasto círculo de sociabilidade, onde a unidade básica da vida camponesa no início do período moderno não era a família conjugal, mas a aldeia. A aldeia era a família do camponês.
A autoridade social não estava embutida na figura do pai, mas na própria aldeia. Em alguns locais, o senhor da terra e o pároco eram autoridades efetivas, mas no controle e nas regras do dia a dia prevaleciam os costumes e as tradições da aldeia. Nenhum fato importante acontecia no seio familiar sem que fosse conhecido ou fiscalizado pela aldeia. Casamento, relações entre marido e mulher, e entre pais e filhos tudo passava pelo crivo dos aldeões, que impunham regras e sanções.
Camponeses e camponesas tinham funções separadas a desempenhar e, geralmente, as mulheres eram submissas, embora o trabalho dessas mulheres fosse imprescindível para a sobrevivência da família e da comunidade. Nessa classe, as mulheres trabalhavam duramente por longas horas, cozinhavam, cuidavam dos filhos, dos animais domésticos e da horta e juntavam-se ao resto da aldeia nos períodos da colheita. As mulheres regulavam os casamentos e fiscalizavam os namoros. Agindo desta forma, o patriarcado camponês tornava-se diferente do aristrocrata e do burguês.
Os episódios emocionalmente importantes nas aldeias não tinham significado na família e sim no seio comunidade. Eventos como festividades, cultos, casamentos e até mesmo a morte eram abertos a toda comunidade.
Em alguns lugares da aldeia, os pais tomavam as decisões sobre a união conjugal dos filhos, mas, em maioria, a comunidade tinha formas coletivas de namoro em que se providenciava a formação de casais adequados. A partir do século XVI, o Estado interveio nos casamentos, numa tentativa de reforçar a autoridade patriarcal.
A supremacia da aldeia sobre o parentesco e a família, mesmo no casamento monogâmico, influenciava as relações de pais e filhos. As genitoras camponesas eram auxiliadas nos deveres de cuidar dos filhos por parentes, pessoas idosas e moças solteiras. As mulheres da aldeia transmitiam às mulheres mais jovens os conhecimentos sobre o aleitamento, enfaixamento, curas de enfermidades, etc. Esse repasse de informações, era fiscalizados pelos aldeões que queriam se certificar que os costumes e tradições estavam sendo realmente repassados para os mais jovens.
No âmbito da família conjugal, as crianças não eram tidas como propriedades dos pais,nem tampouco consideradas o centro da vida. Os laços afetivos, em vez de limitados a pais e filhos, estendiam-se para fora, envolvendo a aldeia e antepassados. Os mortos eram considerados parte da comunidade. Segundo alguns historiadores, as crianças camponesas, ainda muito pequenas, eram abandonadas durante o dia todo, tendo que se arranjarem sozinhas quando o campo exigia a presença de suas progenitoras.
Assim, a autoridade da família camponesa difundia-se por toda a aldeia com vários adultos participando da vida da criança. A afetividade com que a criança se defrontava estava também dividida entre uma grande variedade de parentes e aldeões.
As relações entre pai e filho não continham intimidade ou intensidade emocional, as sanções eram impostas com castigos físicos. Provavelmente não internalizava figuras parentais de forma profunda, uma vez que a vida emocional da criança era condicionada pelos ritmos da aldeia, e extensas tradições e costumes.
A família da classe trabalhadora (meados séculos XIX)
A classe trabalhadora surge entre o campesinato deslocado e os níveis mais baixos da sociedade urbana. e desenvolve uma estrutura de família sob condições de agonia social e econômica, Entretanto, no decorrer do tempo, a família da classe trabalhadora passou a se parecer muito com a família burguesa.
A alta fertilidade, a alta mortalidade e a baixa expectativa de vida marcaram essa classe no período inicial da industrialização. Os salários eram baixos, crianças também precisavam trabalhar para ajudar no sustento da família. As condições de vida eram ruins, as horas trabalhadas giravam em torno de 14 a 17 horas diárias. Os filhos a partir dos 13 e 14 anos saiam de casa em busca de trabalho.
Os jovens proletários declaravam muito cedo independência dos pais.Esses grupos de jovens, alvos de preocupação constante, eram denominados “delinqüentes juvenis”. Nessa classe os jovens estavam propensos a casarem-se mais cedo do que na burguesia.As relações entre homens e mulheres tendiam a subverter os padrões patriarcais, dado que as mulheres trabalhavam fora de casa e ainda faziam afazeres domésticos.
Na família da classe trabalhadora, os filhos eram criados de maneira informal, mais antiga, sem a constante atenção e fiscalização da mãe. As crianças eram forçosamente amamentadas ao peito por mãe subalimentadas, cansadas e preocupadas. Nesse período, os cuidados com a higiene e controle genital eram negligenciados.Assim, os filhos do proletariado eram muito mais criados pela rua do que pela família. O padrão de autoridade imposto à criança da classe trabalhadora era semelhante à da classe dos camponeses, sem, contudo, ser fechada dentro de uma aldeia, mas jogada no mundo capitalista industrial.
Infere-se que a maior influência sobre as condições de vida da classe trabalhadora, tenha sido os movimentos sindicalistas que, coletivamente, lutaram pela melhoria de vida dos operários da época. Nesse período também os operários do sexo masculino estavam predispostos a formar pequenos grupos que oscilavam entre trabalho e bar. As mulheres, por sua vez, passaram a formar comunidades nas residências. Dessa forma, a família passava por novas transformações de organização e atribuição.
CONCEITOS DE FAMÍLIA
Para Da Mata (1987, p. 145)
Família não é apenas uma Instituição social capaz de ser individualmente, mas constitui também, e particularmente, um valor. Há uma escolha, por parte da sociedade brasileira, que valoriza a família, como uma Instituição fundamental à própria vida social; é um grupo social e uma rede de relações; funda-se na genealogia e nos elos jurídicos, mas também se faz na consciência social, intensa e longa.
Segundo Ferrari (1994, p.18)
Família é aquela que propicia aportes afetivos e o bem estar de seus componentes; ela desempenha papel decisivo na educação formal e informal; é em seu espaço que são absorvidos os valores éticos e humanitários onde se aprofundam laços de solidariedade; é também em seu interior que se constroem as marcas entre as gerações e são observadas os valores culturais.
Assim, a família pode ser entendida como um conjunto de relações sociais baseadas em elos consanguíneos, adoção e uniões socialmente reconhecidas legalmente ou não.
A família abordada enquanto unidade doméstica centra-se nas condições materiais, isto é, na manutenção da vida: alimentação, vestuário, habitação, repouso. No passado, o grupo familiar, era uma unidade de produção, encarregando-se, ela própria, da produção dos meios de sobrevivência.
Enquanto instituição, a família pode ser entendida como um conjunto de normas e regras, historicamente constituídas, que governam as relações de sangue, adoção, aliança, e determinam a filiação, os limites do parentesco, da herança e do casamento. O conjunto de regras e normas está contido nos costumes e na legislação, apresentadas no Código Civil.
A família também pode ser entendida como um conjunto de valores determinados como ideologia, estereótipos, preceitos, representações sobre o que ela deve ser. Ao longo da história no mundo ocidental, as teorias de como a família deve ser couberam inicialmente à igreja, em seguida ao Estado, e, finalmente, à própria ciência. Estas entidades organizaram várias regras e recomendações de como deveria ser o comportamento das pessoas. Atualmente são os meios de comunicação que divulgam e “ditam” novas idéias, orientações e estudos comportamentais relativos à família e seus membros.
A família proporciona o marco adequado para a definição e conservação das diferenças humanas, dando forma objetiva aos papéis distintos, mas mutuamente vinculados, do pai, da mãe e dos filhos, que constituem os papéis básicos em todas as culturas. (PICHON-RIVIÉRE, apud OSÓRIO, 1996, p.15).
Muitas são as conjecturas formuladas sobre família, algumas se caracterizam pelas funções biológicas, outras, pelas funções psicossociais, apontando o inicio às questões concernentes aos laços consanguíneos, ou seja, aos papéis maternos e paternos como estruturadores do grupo familiar. Dizer que família é a unidade básica da interação social talvez seja a forma mais genérica e sintética de defini-la.
Em todos os conceitos apresentados é comum observarmos que a família apresenta-se como uma estrutura social, uma construção humana que se consolida, transformando-se conforme a influência do meio social, sendo, portanto, historicamente construída.
Assim sendo, é importante ressaltar que a estrutura familiar varia conforme os momentos históricos, fatores sócio-políticos, econômicos, religiosos e culturais, estando o conceito de família associado ao contexto social no qual está inserido, ou seja, precisamos, antes de qualquer ação, definir de que família estamos falando, a época em que ela vive e a qual segmento pertence.
FUNÇÕES E PAPÉIS DA FAMÍLIA
A família funciona como agente educador. Exerce a função socializadora na transmissão da herança cultural e social durante os primeiros anos de vida da criança. È a família que repassa os usos da linguagem,costumes, valores e crenças,preparando a criança para o ingresso na sociedade.
É no seio da família que o homem aprende as virtudes sociais, como amor, fraternidade e obediência, qualidades requeridas para que se enquadre no meio.
No que concerne às atribuições que lhe são conferidas, Marconi e Presotto (1989, p. 106) consideram que
As funções básicas da família podem ser desempenhadas de várias maneiras, dentro dos mais diversos sistemas culturais, tentando moldar as personalidades individuais. Como agente educador, a família pode combinar duas funções especificas: Socializadora – na medida em que transmite a herança cultural e Social, durante os primeiros anos de vida: linguagem, usos, costumes, valores, crenças (processo de endoculturação), preparando a criança para o seu ingresso na sociedade. Social – quando proporciona a conquista de diferentes status como étnico, o nacional, o religioso, o residencial, o de classe, o político e o educacional. (grifo nosso)
Papéis Familiares
Os papéis familiares diferem conforme a composição familiar, confundindo-se devido à realidade da estrutura familiar. Para exemplificar, em um casal sem filhos os papéis familiares seriam tão somente os de marido e mulher. Já na família Nuclear seriam as de mãe-pai-irmãos e filhos. Na família extensa, há necessidade de incluir o papel dos avós, tios e demais agregados que dividem o mesmo teto. deve-se citar ainda, , na atualidade, as uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Na visão contemporânea, houve uma transformação desses, papéis, e, em alguns casos, uma inversão. Tenha o casal filhos ou não, atribuir à mulher o papel de zelar pelo lar e do homem como provedor do sustento da família, seria um processo ultrapassado e não condizente com a realidade. O papel conjugal baseia-se na interdependência das partes do casal, pautado na essência da sobrevivência das pessoas. São os atos de complementaridade, cooperação, reciprocidade e compartilhamento de tarefas e sentimentos que delimitam o papel conjugal, seja entre acordos verbais ou não.
Papel Parental
O papel feminino apesar das diversas transformações ainda mantém uma das principais funções: o de gerar a vida. Porém, quanto às tarefas nutriciais, proteção e educação muito houve de absorção do papel paternal e pela pessoa remunerada para, na ausência da mãe, desempenhar o papel materno.
Papel Fraterno
O papel fraterno alterna entre dois comportamentos opostos: a rivalidade e a solidariedade. Por vezes o papel fraterno está deslocado para a relação entre marido e mulher ou entre filho e um dos progenitores.
O papel fraterno reproduz fora do contexto familiar na relação entre sócios, colegas e amigos, assim como os papeis parental e filial terão sua representação social em relações tais como a dos chefes e seus subordinados, professores e alunos, médicos e pacientes e outras tantas mais.
PAPEL FILIAL
O foco central do papel filial situa-se na subordinação do recém-nascido que depende dos cuidados dos pais para sobreviver. Salienta-se que há casos em que estas funções não são desempenhadas por papéis parentais.Os papéis, portanto, não são competências exclusivas do indivíduo a que normalmente se atribui.
FUNÇÕES DA FAMÍLIA
As funções da família podem ser divididas em biológicas, psicológicas e sociais. Apesar dessa divisão, não há como estudá-la separadamente.
A função biológica da família é de garantir a sobrevivência da espécie com cuidados dispensados aos recém-nascidos.As funções psicossociais são essência, já que o alimento afetivo é o que faz o desenvolvimento do indivíduo psiquicamente saudável. São estas funções que, quando bem desempenhadas darão sustentabilidade e apoio aos indivíduos nos momentos de crise e anseios humanos. Quanto às funções sociais, não só podemos inferir a transmissão das questões culturais, como também a preparação para o exercício da cidadania.
Assim, podemos dizer que, se os pais influenciam o comportamento do filho, este também interfere nas atitudes dos pais. Esse processo é chamado de retroalimentação.
  • CONCLUINDO
Podemos concluir que conhecer e entender a origem da família, bem como seus conceitos, funções e papéis requer mais do que a leitura do tema. Requer primeiramente, saber identificar sobre qual família, período e aspecto se quer conhecer mais profundamente.uma vez que há uma complementariedade de conhecimento essenciais para entender e conceituar a família em seus diversos contextos.
Vale ressaltar que todo comportamento hoje assinalado nos modelos familiares teve sua origem e sua história construída sob a influência de fatores externos como econômicos, políticos e sociais. Essa mutação ainda continua a modificar os papéis e comportamentos da família no contexto atual.
Saiba +: No lar burguês, predominava o treinamento de hábitos higiênicos; pedia-se que a criança controlasse o seu corpo, No castelo, a criança devia obediência à autoridade e à hierarquia social.

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