Amigos; são tesouros que acumulamos em vida
Então é Natal.... Como estamos no
mês que inventaram um 13º para voltar para o caixa do patrão, lembrei-me de um
fato que ocorreu na minha vida nesse período. Nessa época, (2002), eu e minha
família, tínhamos um Sebo Livraria e acesso a internet. Saber & Ci@, era o
nome do trabalho em que mais ganhei conhecimento e satisfação, em toda a minha
vida, pois não havia retorno financeiro, mas enriqueci muito interiormente e
intelectualmente. Demais! Naquela época não havia Lan House no interior e muito
menos Sebo, que muitos achavam que era uma Biblioteca.
Uma mesa imensa no meio do salão,
com livros, onde as pessoas sentavam para examinar os livros e degustar um
cafezinho expresso, reunindo amigos em conversas e discussões das mais
diversas. Para quem ama a leitura, ou trabalha livros, novos ou antigos,
tínhamos um ambiente muito convidativo. Quis registrar aqui talvez os anos mais
importantes de minha vida, dentro da Livraria. Mas como já disse acima, vou
também registrar um fato ocorrido naquele local.
Num sábado de fim ano, estávamos ,
eu, o ex-marido, e o dois filhos, aguardando o movimento de Natal. Por que as
pessoas quase não presenteiam com livros? Porém sempre aparecia algumas para olhar, perguntar e para pedir, que é a
coisa mais comum em terra Tupiniquim. E vieram dois adolescentes de um
município vizinho, pedindo roupas ou que pudéssemos doar, pois tinham irmãos menores em casa
também. Sem pensar duas vezes, chamei os meus filhos e rumei para nossa casa
que ficava por perto, junto os meninos. A minha família já estava acostumada,
pedi para os meninos entrar em casa e aos meus filhos para revirar o armário,
tirando coisas que não serviam mais, enquanto iam fazendo, servi um lanche para
os novos amigos, que saíram da minha casa com duas bolsas cheias. Foi um Feliz
Natal para todos!
O tempo foi passando e acabei
ficando amiga dos meninos que vieram em
dois, depois passando a aparecer na Livraria ou em meu apartamento outros
garotos. Todos sonhavam ser jogadores de futebol, enquanto eu os aconselhava a
estudar, mas tem um outro detalhe; eles eram engraxates e saiam para vários
municípios vizinhos com a caixinha na mão e trabalhando. Passavam la em casa de
manhã, faziam um lanche e partiam, ou, quando ficavam em Pádua, almoçavam conosco,
eu só pedia que me avisassem. Como eu queria o bem daqueles meninos, apesar de
alguns vizinhos os acusarem de marginais; eram ‘”pretos e pobres”. Eles moravam num morro “bem perigoso!”
Essa rotina durou por muitos
anos, mesmo depois do fechamento da Livraria e daminha separação conjugal, eles
continuaram a frequentar o meu apartamento, onde chegavam apertavam o interfone
e subiam pelo elevador com suas caixinhas. Porém um dia o “CÍNICO” do meu
prédio proibiu as crianças de subirem ao meu apertamento, aos que eles pelo
interfone me avisaram. Desci do salto literalmente, pois fui até o saguão do
prédio com micro short e camisetinha, no verão, roupa que todas as mulheres
dessa região usam em casa, devido ao calor. Virei uma Leoa, briguei com o “Cínico”
, falei poucas e boas, ameaçando de ir à
polícia, pois “em minha casa recebo quem eu quiser”. Até chegou só uma pessoa
do “deixa disso”, e chorei convulsivamente e subi, mas os garotos, evaporaram.
Depois desse episódio, só
encontra com os meus amigos engraxates na rua, deixaram de freqüentar a minha
casa.Já faz cerca de 5 anos que não aparecem, mas deixaram uma caixa de engraxate
em minha casa que não me desfaço de modo algum. São meus meninos também, ouvi
muitos relatos da vida deles, e onde que eu os encontre darei um forte abraço
para matar a saudade. Encontrei dias atrás, um deles, todo arrumadinho, com sua
mãe aqui em Pádua; fiquei muito feliz e pedi notícia dos outros meninos, que já
são homens. Não cito nome de nenhum para própria segurança deles.
Os sonhos que sonhamos juntos,
quando um deles falou “se eu ficar rico, jogando futebol; compro uma casa bem
bonita pra você na praia Tania” . Isso tudo não tem preço, e desejo de todo o
meu coração que tudo corra bem para os meus eternos amigos.
Tania Maria da Silva
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