segunda-feira, 6 de agosto de 2012




Questão de Semântica
  

O transe da loucura
É como estar numa carruagem
ladeira abaixo
os cavalos, abandonaram as rédeas
Deixando o condutor de carona
Em todo o caminho percorrido
o raciocínio é preservado
como um pai liberal
das almas confusas
Nessa descida
o risco é constante
com probabilidade de acidentes
Surgem os inevitáveis enganos
O SER e ESTAR se embaralham
Dando credibilidade ao delírio
Alternando-se a mais profunda tristeza
com a mais louca segurança
de ser inatingível
O big bang precede o apocalipse interior
O ser eterno é a verdade suprema
Acompanhado do avalanche
de sonhos contidos
ou pesadelos cruéis.
O estar se confunde com o ser
e assim os loucos negam a vida
para viver a sua fantasia dramática
Reis, rainhas, monstros, fantamas e luzes
Habitam esse Universo inviolável
Na corda bamba da razão
O abismo e céu se confundem
Não há preocupação com a desordem
Tudo é muito natural
Para esses Deuses, musas e sofredores
Alienados e incompreendidos
Pela sociedade que os gerou
O Socorro às vezes tardio
Costuma chegar com eficiência
na prisão dos Manicômios
entre remédios, choques e camisa-força
E assim caminham os loucos
Porém, hoje com os CAPs
O SER e ESTAR dão espaço a nova conjugação
O TER consciência da questão
E caminhar entre espinhos
é a mais sensata decisão
Até se chegar ao topo da rosa
Que vadia,
Projeta-se no arco-íris
Maquiando de muitos matizes
E assim reagem os loucos


Tânia Maria da Silva ( a original foi escrita 1997)

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