Espontaneidade exacerbada e idade avançada incomoda muita gente
Mas
quanto a minha tagarelice, juntada à enorme curiosidade por livros, filmes,
revistas que abordassem o tema: sexo, aumentou à medida que ia aprendo coisas
novas. Com isso fui quebrando tabus, questionando dogmas e autoridades
autoritárias. Com isso, sempre tive poucos amigos, pois a maioria das meninas
da minha idade, eram pessoas “politicamente corretas”. E eu ficava a pensar
porque o professor de História, nos mandava copiar a cara daqueles homens dos
livros no papel de seda, enquanto ele dormia sobre a mesa; mas, não podia
reclamar, todo os alunos adoravam e começavam a jogar papel uns nos outros. E
assim era uma das escola por onde passei, com exceções é claro.
Penso
que deveríamos usar um nariz de palhaço cotidianamente, pois durante todo o
tempo em que estamos acordados, tem um senhor de Cartola grande, sempre a nos
dizer o que faremos, nas ruas, lojas, escola, piscinas, internet, TV, etc. A
mentira, em nossa sociedade Capitalista é uma tremenda verdade com as jogadas
elementares de Marketing a todo momento, nos sinalizando o que fazer. Podemos
ver pelas Havaianas que num passado recente, tinham o apelido de Lambreta e
custavam 5 “contos”; hoje são tão internacionais assim como as mulatas que
desceram o morro e cobram uma “nota” para desfilar em escola de samba e se
exibir para os gringos.
Creio
que agora eu esteja vivendo a 2ª idade, que é mais incômoda que a terceira,
pois na melhor Idade, se tem um Estatuto do Idoso, não paga passagem de ônibus
(depende da cidade),preferência em filas e outras conquistas que os idosos vêm
conseguindo. Na minha idade, seria cômico se não fosse trágico; a dificuldade
de se conseguir trabalhar formalmente, pois está sobrando mão de obra jovem por
aí, que em muitos casos, trabalha pela metade do salário, com um carga horária,
onde é impossível a este jovem estudar e se capacitar. Que pensam os
comerciantes, que sustentam os seus filhos em cima da exploração de outro
jovem? A escravidão acabou? Agora temos que pedir alforria, liberdade para os
milhares de jovens que vivem no Brasil do século XXI, algemados à essa força alienatória, que convence a todos de
que as coisas valem mais do que as pessoas. E o adolescente vende sua imagem
também, pois nunca se viu dar tanto valor à embalagem do que ao conteúdo.
Volto a falar da 2ª idade, que é
a que me encaixo e por experiência própria posso afirmar que quero recomeçar e
encontro mil montanhas a me cercarem. Mesmo com capacitação, fico em minoria e
quase sempre vem a desculpa de que a vaga já foi ocupada. Se, apresento um
quadro de depressão, não tenho direito, porque depressão “é desculpa de
preguiçoso para ficar à toa”. Na informalidade, a renda mensal não dá para se
sobreviver. Pergunto à sociedade. O que fazer quem se encontra neste estágio da
vida, se sente vivo, mas as pessoas o vêm como um batata quente e ninguém quer
segurar? Até para estudar é difícil para quem quer recomeçar, e dentro da Instituições
escolares há uma grande mentira. Pois na teoria aprende-se uma educação mais
libertária, porém na prática, tem muitos
funcionários que estão lá em 1960.
A verdade dói, mas toda a nossa sociedade usa a máscara
que lhe convém, na hora que lhe convém. Estamos vivendo e alimentando a mentira
coletiva que com certeza nos levará a andar em círculo. È claro que a idade
cronológica existe, impossível negar, mas, velho é aquele que se encolhe num
canto para ver TV, ou fazer atividades “típicas” de anciãos, negando-se a
participar de uma nova era, se reciclar, e o mais importante; se posicionar
enquanto cidadão. Quanto a mim, quero experimentar e provar que há vida ativa e
abundante depois dos 50 anos de idade. Quebrando preconceitos, pelo menos nas
cidades de interior que insistem em nos guardar nos armários para tirar em
algumas ocasiões de reuniões familiares, cheirando a naftalina e tirando fotos
dos netinhos.
Tânia Maria da Silva
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