Intimidade do ser
Como
pode isso? Estou fazendo castelos em plena tempestade lá fora, e aqui dentro, a
aridez outrora sentida, vivida, batida, se transforma em lágrimas de desespero,
medo, desilusão, reclusa, confinamento e uma enorme vontade de entorpecer para
não assistir o fim do espetáculo trágico da vida. A esperança, fio que ainda
alimenta o espírito, insegura de viver em meio a tão turbulento mar bravio,
alimenta a alma.
Sou
tomada por um torpor, uma estonteante vertigem frente a realidade que se impõe
pelo mundo lá fora. Aqui é o meu esconderijo secreto para ser eu mesma, mas nem
isso sei mais fazer, a minha criatividade não sei onde está, só sonho com
quimeras. Mundos distantes, onde as pessoas aparecem e desaparecem como num
toque de mágica.
Voltei
a ter amigos imaginários, porque percebi que adivinho pensamentos, e sei que
desagrado ao mundo com o meu tom berrante e vermelho. Mas Deus, que vou fazer
se acho que devo ser plena e verdadeira, num mundo cheio de produtos Chineses,
Paraguaios e tão limitantes que deixamos de ser o sujeito de nossas próprias
vidas!. Prefiro morrer, a viver sem amor.
Minhas
metas, que alimentavam os meus dias; vejo-as como oásis no deserto que se
tornou a minha vida. Estou desiludida. Sinto-me deslocada no mundo e com todas
as certezas que as pessoas têm. De belo, só a natureza imponente a desafiar o
homem míope, que acelera seu passo no cotidiano, sem enxergar as pequenas
maravilhas, que nós, os preguiçosos, somos capazes de ver. O pequeno pássaro
que sobrevoa a árvore, as nuvens, que continuam a se transformar em imagens no
céu, que de tanto azul, nos convida a um vôo de paz e equilíbrio.
Saudade
da mulher que já fui e que tenta, escorrega, cai, levanta, na necessidade de
sobreviver à tempestade, para depois, não sei ainda, alcançar a plenitude se
ser e conviver com quem amo, em estado mais ameno, de Paz. Não gosto de concreto, eu prefiro é viajar,
nas asas do pensamento, embarco e faço minha aquarela. Este é o meu mundo hoje,
cheio de emoções congestionadas a se chocarem a perguntar: Quem eu sou?
Perdi-me na
dança louca do aforismo, racionalismo, ceticismo, inconformismo que se
transformou em inércia.
Algo está represado em meu coração, que, analfabeto do amor
INCONDICIONAL, delira em alucinações e
abismos, que me parecem profundos se eu continuar a dar trela a essa emoção
forte que tomou todo o meu ser.
Razão,
onde está você que não encontro? Estou em fuga delirante dessa represa de
emoções contidas e pesadelos cruéis. Refugio-me na fantasia de pertencer a algo
ou a alguém. Alguém tem que me que proteger desse trágico fantasma que me
persegue. Mas quem? As pessoas não gostam não me entendem. Enquanto espero, vou fazendo aminha viagem
interior, para conhecer, um ser que ainda está no casulo. Que venha a Metamorfose!!!!
Tânia Maria da Silva
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